Publicado em 17/08/2020
Ricardo Roveran
Entre passos, tropeços, mandos e desmandos dos três poderes, ao que tudo indica o Caso Adélio Bispo não será completamente solucionado se depender daqueles que estão comprometidos.
Quem não é corrupto, é amigo de corrupto. Isso vai do sujeito que desvia verbas públicas até o que caiu na besteira de transar com alguém fora do casamento e se tornar alvo de chantagem. O sistema é isso e ele não vai mudar. O chorume espalha o odor pútrido pelos edifícios do Distrito Federal e quem não tem estômago o melhor é ficar do lado de fora gritando por justiça, enquanto lá dentro o cabaré ensurdecido pega fogo.
É nesse meio de tamanho comprometimento, seja financeiro ou espiritual, que pode destruir a reputação de quem depende da imagem pública, que alguns nobres se aventuram em tarefas hercúleas, como esta que aqui tratamos: instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o caso Adélio Bispo.
Quem assumiu essa briga foi o deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ). Conforme entrevista concedida ao Terça Livre há poucas semanas, o parlamentar afirmou que sim, que a CPI deveria ser instalada em fevereiro, contando com o retorno presencial das atividades parlamentares.
Labre conta com o tempo entre o meio do ano e o início do próximo, pois para coletar as assinaturas restantes precisa de contato pessoal, físico, não virtual ou telefônico.
De acordo com o deputado, a Presidência da Câmara não é favorável à pauta. Se depender de Rodrigo Maia (DEM), a CPI não será instaurada.
As assinaturas coletadas não são muitas: 14 parlamentares foram confirmados até o presente, de um mínimo necessário de 171.
Labre, no entanto, não vê dificuldades. Mas uma fonte palaciana diz que “existe um interesse do presidente na qualidade de vítima de um atentado”, e que “em função do envolvimento do quadro que se desenha, esta é uma investigação que terá grande repercussão criminal dentro do meio político".
De acordo com esta fonte, há um mistério no ar: parte da base parlamentar aliada no Congresso não se prontifica e nem se explica. Deputados e senadores dos quais se esperava empenho neste caso, simplesmente silenciam, deixando o caso suspenso, flutuando num mar de pontos de interrogação sem fim.
Adélio Bispo, para quem não se lembra, deu uma facada no ex-deputado federal e candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, em 6 de setembro de 2018, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, durante a campanha eleitoral.
O atentado quase matou o candidato. Mas graças a Deus ele sobreviveu, foi eleito e hoje é nosso presidente.
No mesmo dia 6 de setembro daquele ano, Adélio foi conduzido a um edifício nas proximidades do atentado por autoridades policiais. Em seguida foi levado à delegacia da Polícia Federal, que iniciou o registro da ocorrência e demais procedimentos jurídicos.
No dia seguinte, 7 de setembro, foi a audiência de custódia, que durou 11 minutos.
Entre as questões suscitadas por populares está a maestria e destreza da defesa, 4 intrépidos advogados renomados que surgiram na Polícia Federal tão rápido que só The Flash poderia superar.
Para o caso a Justiça abriu dois inquéritos. O primeiro, em 2018, logo após a facada. O segundo após alguns meses, quando uma declaração polêmica causou impacto social. Ambos inquéritos foram concluídos com resultados diferentes, conforme o deputado Labre aponta e geraram mais dúvidas do que respostas.
Na quinta-feira (13), a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter Adélio Bispo de Oliveira preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
Na decisão que foi divulgada na última sexta-feira (14), os magistrados mantiveram a decisão individual do ministro Joel Ilan Paciornik no mesmo sentido e entenderam que Adélio deve continuar no presídio devido a sua periculosidade e diante da falta de hospital para tratamento psiquiátrico.
Em junho do ano passado, a Justiça absolveu Adélio pelo atentado, a facada, ocorrida durante a campanha eleitoral de 2018 em Juiz de Fora (MG).
A decisão foi proferida após o processo criminal que o considerou inimputável por transtorno mental.
É uma salada, um samba do crioulo-doido. É capaz de nós que observamos tudo acabarmos internados numa clínica psiquiátrica e Adélio’s inúmeros serem soltos. E por que não? De repente, acabarem ocupando cargos públicos, afinal, se há silêncio há comprometimento em algum nível.
A mim pelo menos me parece que este caso só poderá ser solucionado pelo jornalismo investigativo, não pelo Congresso, que de repente, pode ter muita gente comprometida.
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