Publicado em 26/05/2020
Palácio. 16h30 minutos.
O copeiro francês, vestido com saia de tule roxa e colete de paetês fúcsia, equilibra-se no scarpin de salto agulha, e entra na sala de reuniões. Ele arruma o serviço de chá inglês e os brioches. Espalha arranjos de tulipas sobre a mesa.
-Vieram da Holanda, em voo fretado. Maravilhosas. O chefe de gabinete presidencial entra,irritado.
-Então é verdade. Tulipas. O presidento odeia tulipas. Jogue fora. Por sorte, mandei trazer orquídeas amarelas de Nova York. O jatinho já está pousando. Orquídeas amarelas combinam com os olhos cor de mel do presidento. Graças a Deus, tenho prudência e sofisticação.
O chefe do cerimonial entra, irritado.
-Jacques, você usou este uniforme ontem. Vá trocar-se. Não comprei, sem licitação, uma coleção inteira de milhares de euros, na Fashion Week de Milão, para ver um copeiro presidencial repetir trajes.
-Ó! Não! Eu imploro! Amei esta saia de tule. Ela faz o barulhinho ”fru fru” quando desfilo pela sala. O presidento disse que eu pareço um cisne à beira do Lago Negro, na Alemanha. Que minha pele de pêssego brilha à luz tal qual os paetês desse colete.
-Oh, honey, o que você me pede chorando, que eu não faço sorrindo?